Importantes informações sobre os efeitos das vitaminas
As vitaminas são moléculas orgânicas de estrutura complexa encontradas naturalmente nos alimentos ou na forma de precursores, responsáveis pelo controle de muitos processos metabólicos e requeridas em quantidades mínimas para a manutenção da saúde, crescimento e reprodução de ruminantes. Na ausência de uma ou mais vitaminas, sintomas específicos, conhecidos como doenças carências, podem acometer animais jovens e adultos. Nos estudos das vitaminas destacam-se as seguintes denominações:Vitaminose - transtornos patológicos ocasionados pela deficiência ou excesso de vitaminas
Avitaminose - ausência de vitamina no alimento
Hipovitaminose - vitamina presente em pequena quantidade no alimento ou parcialmente disponível para o animal, Hipervitaminose excesso de vitamina Paravitaminose distrofia irreversível em decorrência prolongada de vitamina. Exigências de vitaminas pelos ruminantes Quando se tem vacas de alta produção, o uso de vitaminas adicionais à ração é obrigatório. Sua falta simplesmente impede que os animais continuem produzindo e, ainda mais grave, compromete seu estado físico. A Tabela 1 apresenta níveis de vitaminas na dieta de vacas leiteiras de alta produção.Tabela 1. Exigências de vitaminas recomendadas pelo National Research Council (EUA) para vacas leiteiras
Todos os animais têm necessidades metabólicas de vitaminas. Entretanto os ruminantes adultos são diferentes dos animais não ruminantes, com respeito a sua dependência da suplementação vitamínica. As vitaminas do complexo B e K ocorrem durante a degradação e fermentação dos nutrientes presentes na dieta pela microbiota ruminal, deste modo, os ruminantes raramente são suplementados com essas vitaminas. Por outro lado, ruminantes jovens que não possuem o rúmen totalmente desenvolvido não podem sintetizar quantidades adequadas de vitaminas do complexo B, podendo desenvolver deficiência. A vitamina D é sintetizada através da radiação ultravioleta sobre os esteróis presentes na pele dos ruminantes. A vitamina C é sintetizada a partir de açúcares e a niacina a partir do triptofano.Por essa razão, a suplementação de ruminantes adultos consiste basicamente em vitaminas A e E. Considerações finais. Em alguns casos especiais pode ocorrer deficiência de vitamina D e tiamina, como no caso de animais estabulados com pouca ou nenhuma exposição aos raios solares. Também, rações que causam queda brusca de pH ruminal ou rações ricas em enxofre reduzem a síntese de tiamina pela flora ruminal, levando o animal a apresentar sintomas de poliencefalomalácea. Desta forma, a suplementação de niacina pode ocorrer em razão de raças mais exigentes, devido ao potencial genético ou seleção genética, sendo que o aumento de produtividade pode conduzir a produção insuficiente de vitaminas no rúmen. Portanto, conclui-se que, para ruminantes adultos, atenção deve ser dada a quatro vitaminas: A, E, e em condições específicas, niacina e tiamina. Alguns dos requisitos básicos para atingir eficiência elevada em sistemas de produção de leite são:a) explorar vacas especializadas,b) com um manejo sanitário adequado,c) ter bom manejo reprodutivo,d) ter bom manejo nutricional e d) oferecer condições adequadas de conforto para os animais. Estes requisitos independem do sistema de produção adotado, seja ele baseado em pastejo ou em confinamento total, com alto ou baixo nível de concentrado, com vacas holandesas, Jerseys, Pardo Suíças ou mestiças, etc. Produtores de leite eficientes tanto dos Estados Unidos e Canadá como da Europa e Oceania têm em comum o fato de terem estes requisitos atendidos de forma satisfatória. Entretanto, a grande maioria do leite produzido no Brasil é proveniente de sistemas que exploram vacas não especializadas, mantidas em pastagens tropicais mal manejadas, ocorrendo severa restrição nutricional destes animais no período da seca. A suplementação com concentrados é muitas vezes feita de forma inadequada, tanto em termos quantitativos como qualitativos. O resultado é a pequena escala de produção, índices zootécnicos medianos e a baixa rentabilidade do setor. A necessidade premente de intensificação da pecuária leiteira nacional tem gerado discussões acaloradas quanto ao sistema ideal de produção de leite para as nossas condições. A discussão tem sido polarizada no sentido comparativo, entre a exploração de animais em sistemas intensivos a pasto ou em confinamento. Infelizmente, essa discussão tem sido desvirtuada, guiada por argumentações sem embasamento científico devido à falta de dados comparativos gerados dentro das condições brasileiras. Essa discussão se torna improdutiva à medida que pesquisadores, consultores e produtores polarizam a questão em torno da tentativa de se estabelecer para o país como um todo, um modelo ideal, único e padronizado de produção de leite. A grande diversidade das condições edafoclimáticas, sociais, culturais e econômicas vigentes no país, propiciam e justificam a presença de diferentes sistemas de produção de leite em nosso meio. O importante é que a tomada de decisão quanto ao sistema de produção a ser adotado, seja técnica e considere as condições particulares de cada propriedade rural.Infelizmente, tem sido difundido o conceito equivocado, de que sistemas tropicais de produção a pasto são necessariamente extensivos, capazes de explorar apenas gado mestiço, enquanto sistemas confinados são sinônimos de intensificação e a única maneira de se explorar vacas especializadas de alto mérito genético. A tendência de abandono de sistemas de produção de leite a pasto com o crescimento de sistemas confinados até meados da década de 90 parece estar sofrendo uma reversão significativa. A vocação natural de grande parte das nossas bacias leiteiras, para a produção a pasto, em função das condições favoráveis para o crescimento de gramíneas tropicais de alta produção, associada às condições impostas pela atual conjuntura do sistema agroindustrial do leite, têm levado um grande número de produtores que pretendem intensificar sua produção, a adotarem o uso de pastagens manejadas intensivamente. O estado de Rondônia é um grande exemplo disso na atualidade. A proposta básica desses sistemas é explorar o potencial elevado de produção das gramíneas tropicais, que permitem lotações entre 4 a 15 vacas por hectare durante o verão, dependendo da espécie utilizada, nível de adubação e disponibilidade hídrica. Com produções por vaca/ano entre 3 a 7000 kg de leite, em função do potencial genético do rebanho e do manejo adotado, principalmente no que diz respeito ao nível de fornecimento de concentrado e qualidade do volumoso suplementar de inverno, este sistema tem como atrativo, permitir elevada produção de leite por unidade de área a um custo inferior que o obtido no sistema de confinamento total. O menor custo de produção deve advir não apenas do menor custo de alimentação, mas também de uma estrutura mais simples em termos de máquinas, implementos e instalações. Potencial de produção e qualidade da planta tropical O grande potencial de produção das plantas forrageiras tropicais, entre 20 a até 60 toneladas de matéria seca (MS) por hectare/ano, permite explorar sistemas intensificados de produção com alta lotação animal, da ordem de 6 a 15 UA/ha durante 180 a 200 dias por ano, possibilitando produções de leite superiores a 10.000 kg/ha por ano. Pastagens temperadas manejadas intensivamente na Nova Zelândia produzem em média 8.300 kg de leite por hectare/ano. A superioridade das gramíneas tropicais, quando comparadas com as de clima temperado em termos de produção de forragem por área é inquestionável, permitindo lotações 2 a 6 vezes mais elevadas. Em contrapartida, a qualidade inferior das gramíneas tropicais tem sido apontada como um fator limitante a um elevado desempenho individual de vacas leiteiras mantidas nesses sistemas. Pastagens de clima temperado quando bem manejadas, apresentam valores de proteína bruta (PB) entre 20 a 25% e FDN entre 40 a 50% indicativos de uma forragem de altíssima qualidade. Em contrapartida, os dados com plantas tropicais têm mostrado valores bem mais modestos que os normalmente observados com plantas temperadas. Teores de PB entre 8 a 14% e 60 a 75% de FDN são valores normalmente relatados na literatura. Adubação, frequência de pastejo e resíduo pós pastejo, são alguns dos fatores de manejo que quando conduzidos de forma inadequada, concorrem de forma decisiva para um baixo valor nutritivo da forragem tropical e podem em parte explicar o conceito generalizado de que a planta tropical é de baixa qualidade. Entretanto, em condições de manejo adequado, diversos autores têm reportado resultados que de forma alguma permitem classificar a gramínea tropical como tendo baixo valor nutritivo, uma vez que teores de PB da ordem de 13 a 20% e FDN de 53 a 65% têm sido observados em trabalhos experimentais e em amostras feitas em propriedades comerciais. Esses dados indicam sem dúvida que estamos trabalhando com uma planta altamente exigente em manejo e que existe um campo ainda vasto a ser explorado pela pesquisa, no sentido de aprimorar as práticas de manejo para as diferentes gramíneas tropicais, com o objetivo de se maximizar a qualidade da forragem colhida pelo animal. Potencial de produção de leite em pastagens tropicais O potencial de produção de leite de vacas pastejando exclusivamente gramíneas temperadas pode chegar a 30kg/d. A Tabela 1 mostra os dados de produção de vacas de alto mérito genético, mantidas em regime da pastejo com plantas temperadas e suplementadas com concentrado nos Estados Unidos. Tabela 1. Dados de produção de leite em pastagens temperadas.
Os resultados obtidos em pastagens tropicais têm sido bem mais modestos. O potencial de produção individual de vacas mantidas nessas pastagens, sem suplementação com concentrado, tem se situado entre 8 a 15 kg de leite/dia. A Tabela 2 apresenta os dados de produção de leite de vacas mantidas em pastagens tropicais e suplementadas com concentrado no Brasil, Costa Rica e Austrália. Tabela 2. Dados de produção de leite em pastagens tropicais.
Os dados da Tabela 1 com pastagens temperadas foram obtidos com vacas de alto mérito genético e o período de lactação médio analisado foi dos 80 aos 150 dias. A produção média observada de 30,46 kg de leite/d foi obtida com um consumo de 8,1 kg de MS de concentrado. Já os dados da Tabela 2, com pastagens tropicais, mostram para os experimentos conduzidos no Brasil e Austrália, um nível médio de produção de 19,35 kg de leite/vaca com 4,7 kg de MS de concentrado. Quando consideramos os trabalhos com produções acima de 20 kg de leite/vaca e fornecimento de concentrado parcelado em 2 vezes ao dia, a produção média observada é de 21,6 kg de leite com 5,6 kg de MS de concentrado por vaca/dia. A relação kg de leite/kg de MS de concentrado observado tanto para gramíneas temperadas como tropicais é idêntica, ao redor de 3,75:1. Considerações finais Um dos principais desafios que se apresenta aos pesquisadores e produtores de leite nas regiões tropicais, é dentre tantos, o de aprimorar as técnicas de manejo de pastagem e de conforto animal, visando maximizar o consumo de forragem de alta qualidade, uma vez que a obtenção de lotações elevadas já são uma realidade em diversos sistemas intensivos implantados no Brasil.
Como desenvolver o Cordeiro.
Resumo: Este trabalho avaliou sistemas de produção de cordeiros em pastagens com ênfase na caracterização da pastagem e produtividade dos animais em dois experimentos. No primeiro experimento foram avaliados sistemas de terminação de cordeiros lactentes em pastagem de azevém anual (Lolium multiflorum Lam.) sobressemeada em Tifton-85 (Cynodon spp.), utilizando-se como tratamentos: cordeiros sem suplementação; cordeiros suplementados em creep feeding a 2% do peso corporal (PC)/dia e cordeiros suplementados em creep grazing com trevo branco (Trifolium repens L.). No segundo experimento em Tifton-85 foram avaliados o uso ou não das estratégias de desmame e suplementação em: cordeiros mantidos ao pé da mãe e não suplementados; cordeiros mantidos ao pé da mãe e suplementados om concentrado a 2% do peso corporal (PC) em matéria seca (MS)/dia em creep feeding; cordeiros desmamados precocemente (média 38 dias) e não suplementados e cordeiros desmamados precocemente (média 38 dias) e suplementados com concentrado a 2% do PC em MS/dia. Para caracterização do ambiente pastoril, foram realizadas avaliações da altura, massa, taxa de acumulo, composição botânica, morfológica, bromatológica e perfil vertical das pastagens. No primeiro experimento a oferta de pastagem foi com base na altura (entre 15 e 20 cm) e no segundo, na massa de forragem (12 kg de matéria seca (MS)/100 kg Peso Corporal (PC)/dia). Os animais foram pesados periodicamente para determinação do desempenho. Foi utilizado o delineamento em blocos casualizados e blocos casualizados em esquema fatorial. A análise de variância e a comparação de médias foram realizadas utilizando o software estatístico SAEG versão 9.1 (2008). No primeiro experimento as características da pastagem de Tifton-85 e azevém anual não iferiram (p>0,05) entre os sistemas estudados. O desempenho individual de cordeiros em creep feeding (307 /animal/dia) e creep grazing (274 g/animal/dia) foi superior (p<0,05) aos cordeiros não suplementados (204 g/animal/dia). As ovelhas perderam peso durante o período experimental (-58 g/dia). A produtividade nos sistemas suplementados (2,4 kg de PC/ha/dia) foi superior (p<0,05) ao sistema sem suplementação (1,8 kg de PC/ha/dia). No segundo experimento, o desmame modificou as características da pastagem. Altura, massas de forragem, lâminas foliares, colmos + bainhas e material senescente/morto foram inferiores nos pastos com cordeiros sem desmame. A taxa de acúmulo de MS foi superior quando havia suplementação aos cordeiros. Os teores de FDN e FDA foram superiores na forragem potencialmente consumida pelos cordeiros em creep feeding e pelos cordeiros desmamados não suplementados, enquanto que o teor de PB da forragem foi inferior para os cordeiros desmamados não suplementados. O creep feeding resultou em maior desempenho individual aos cordeiros (0,280 kg/animal/dia), com o desmame e a suplementação concentrada obteve-se maior lotação (134 cordeiros/ha), carga animal (3,3 ton. de PC/ha) e ganho por área (21 kg de PC/ha/dia). A distribuição vertical dos componentes estruturais e morfológicos da pastagem foi influenciada pelos sistemas, onde a altura (número de estratos) foi superior para os sistemas com desmame (5 a 6 estratos) comparados aos sistemas sem desmame (4 estratos). Os sistemas diferiram quanto à composição morfológica em cada estrato. O sistema com suplementação pós-desmame apresentou maior quantidade de folhas nos estratos superiores. Conclui-se no primeiro experimento que c m a baixa qualidade da pastagem principal composta por Tifton-85 e azevém na primavera, os sistemas com suplementação (creep feeding e creep grazing) proporcionaram resultados positivos na produção de cordeiros quanto ao desempenho individual e por área dos mesmos e pela oportunidade de possibilitar maiores ganhos mesmo em período crítico de pastagem. Os cordeiros tiveram pouca interferência na lotação. O uso de leguminosa (trevo branco) como suplementação consistiu em boa alternativa para terminação de cordeiros. onclui-se no segundo experimento que os sistemas de produção tiveram importante efeito nas características estruturais e morfológicas da pastagem. O sistema com desmame proporcionou a formação de astagem com maior quantidade de lâminas foliares distribuídas ao longo de estratos mais distantes do solo. A suplementação concentrada para os cordeiros proporcionou a formação de pastagem mais alta, com maior quantidade de folhas e menor distribuição de inflorescência ao longo dos estratos devido ao efeito de substituição. A ovelha tem maior experiência em pastejo que os cordeiros, e a sua presença alterou a estrutura da pastagem. Isto ficou evidenciado devido à formação de menores massas de forragem e de colmos distribuídas em menores alturas (quantidades de estratos). Assim, o pastejo conjunto ovelha-cordeiro pode facilitar à acessibilidade às folhas por parte dos cordeiros. A suplementação com concentrado proporcionou maior acúmulo de forragem. Desta forma, essa diferença estrutural da pastagem afetou a omposição nutricional da forragem potencialmente consumida pelos cordeiros. A estratégia de desmame apresentou importantes resultados na terminação de cordeiros quando acompanhada de suplementação concentrada. Assim, quando o objetivo é priorizar o desempenho individual dos cordeiros no período de terminação, deve-se optar pelo sistema com creep feeding. Por outro lado, em ocasiões onde a área é imitada e se pretende aumentar a eficiência da utilização da pastagem, a suplementação pós-desmame permite maior lotação de cordeiros com importantes resultados de produtividade.
Brasil livre ,Brasil sem Aftosa.
A febre aftosa é uma doença que ataca bovinos, bubalinos, caprinos e ovinos; e tem sido motivo de preocupação por parte dos pecuaristas e do governo.A febre aftosa é uma enfermidade que ataca bovinos, bubalinos, caprinos e ovinos; tem causa virótica e é altamente contagiosa, por isso tem fácil propagação. Sua transmissão pode ocorrer por meio da ingestão de água, alimentos no cocho e pastos que estejam contaminados pela saliva de animais doentes. A doença conta ainda com o agravante do vírus que a transmite ser altamente resistente, podendo sobreviver durante meses em carcaças congeladas.

A febre aftosa está presente em países da Europa, Ásia, América do Sul e África. Como o próprio nome suscita, ela causa febre nos animais contaminados, além de causar, nos primeiros dias de contaminação, falta de apetite, calafrio, redução da produtividade de leite, lesões vesiculares, erosões na mucosa da boca, nas tetas e nos espaços entre os dedos. A temperatura se eleva, consideravelmente, devido à febre, acompanhada de ranger dos dentes, dificuldade de mastigar, estalos ruidosos da língua e salivação abundante.
É possível ao pecuarista prevenir seus animais contra a febre aftosa; para isso, basta seguir algumas orientações, como é o caso de desinfecção dos locais e todo o material infectado, no caso de confirmação da febre; sacrifício de animais infectados que não têm tratamento; proteção de zonas livres, mediante controle e vigilância dos deslocamentos de animais nas fronteiras; e medidas de quarentena.
Caso não seja possível evitar a infecção dos animais por essa enfermidade, o criador pode fazer o tratamento da doença com a total desinfecção do local, fervura ou pasteurização do leite destinado ao consumo humano ou de outros animais, tratamento com medicação nas feridas dos animais e tratamentos com tônicos cardíacos em animais com muita fraqueza.

No Brasil, a prevenção da febre aftosa é feita por meio da aplicação da vacina obrigatória, que é feita de 6 em 6 meses, a partir do terceiro mês de vida do animal. Essa vacina é obrigatória para todos os criadores de animais que possam ser infectados pelo vírus, sempre seguindo as recomendações de vacinação estipuladas pelo fabricante , em relação à dosagem, prazo de validade, modos de conservação, entre outros.
A aplicação dessa vacina deve ser semestral até o fim da vida produtiva do animal. Essa vacina é feita de um material oleoso e, se mal manejada, pode causar um caroço nos animais. Por isso, a fim de evitar tal caroço, é importante que o aplicador vacine o animal com bastante calma, injetando a vacina na tábua do pescoço, entre a pele e o tecido muscular.
Quanto ao risco da febre aftosa aos humanos, ela não representa riscos consideráveis à saúde. A doença não é transmitida pelo consumo de carne, leite ou derivados de animais que estejam infectados. Podem acontecer, em alguns casos raros, feridas nas mãos e outros sintomas leves em pessoas que lidam de forma muito próxima com animais infectados.
Você conhece os efeitos do Aminoácidos da pecuária?
De longa data sabemos que os aminoácidos lisina e metionina são os dois primeiros aminoácidos mais limitantes para vacas em lactação, e sua concentração na proteína metabolizável afeta o desempenho desses animais. Esse dois aminoácidos são tão importantes que no ano de 2001 o NRC divulgou a necessidade de fornecimento ao nível ótimo, uma vez que várias pesquisas relataram diferentes produções de leite e de proteína do leite quando se alterava as concentrações de metionina e lisina.
É sabido que o adequado suprimento de lisina e metionina proporcionam:
- aumento na produção de proteína do leite e gordura.
- reduz a necessidade de proteína não degradável no rúmen.
- reduz excreção de nitrogênio por unidade de leite ou por unidade de proteína do leite produzida.
- melhora a reprodução e a saúde das vacas.
- aumenta a rentabilidade.
Entretanto, embora o foco ainda continue sendo lisina e metionina, uma re-avaliação das doses recomendadas pelo NRC foi feita pelos pesquisadores Charles e Schwab, ambos da Universidade de Nova Hampshire, nos Estados Unidos. Essa re-avaliação é interessante porque quando o NRC determinou o que seria requerimento de lisina emetionina, o comitê usou doses-respostas obtidas de forma indireta descrita por Rulquin et al (1993). Assim, o sub-modelo para aminoácido (páginas 74-81 no NRC2001) tinha sido desenvolvida antes da versão final do modelo ser disponibilizado, sendo que uma versão beta foi usada para predizer as concentrações de lisina emetionina. Desta forma, variações podem ter sido feitas até a validação do modelo, o que pode ter modificado as predições das concentrações desses aminoácidos na proteína metabolizável. Preocupado com isso, Schwab re-avaliou o modelo no ano de 2009.
Todos os passos estabelecidos pelo NRC foram refeitos e encontram os seguintes resultados (Tabela 1).
Tabela 1. Requerimento das concentrações de lisina e metionina preditos por diferentes modelos
Considerações finais
O conceito de balanceamento de dieta por aminoácidos continua atual. Os benefícios citados no texto foram novamente evidenciados por esta re-avaliação. Ainda, notou-se que aumentos na proteína e gordura do leite em 0,1 e 0,25 por cento proporcionaram retorno sobre o investimento entre 2 a 3,5 vezes.
Os aumentos na produção de leite são mais evidentes no início da lactação. Por fim, com o aumento dos preços dos insumos, o adequado balanceamento de aminoácidos na ração poderá aumentar o leite e reduzir os custos com alimentação.
O balanceamento de proteína em dietas de vacas leiteiras não é um tema novo por aqui. Outros colegas já discutiram o assunto inclusive nesta mesma seção algumas vezes. Sabe-se que a proteína é um nutriente essencial para a produção de leite e que influencia o consumo de alimento do animal. Por outro lado, conhecemos também as vantagens em se reduzir o teor de proteína bruta (PB) da dieta, já que é o nutriente que mais impacta o custo da alimentação e seu excesso está relacionado com excreção de nitrogênio ao ambiente. No entanto, quanto mais se discute, mais perguntas aparecem. Até onde podemos chegar com a redução na PB da dieta? O que as pesquisas mais recentes têm mostrado? O que algumas fazendas têm conseguido? Quais ajustes de manejo precisam ser tomados para garantir que impactos negativos não ocorram? Por fim, como detectar se a minha propriedade está desperdiçando proteína na dieta? O objetivo deste artigo é trazer algumas respostas mas também levantar novas perguntas que podem gerar discussões interessantes e quem sabe até temas para próximos artigos.
O potencial de redução da PB dietética fica evidente quando analisamos valores de eficiência de uso do nitrogênio dietético (EUN). Em média, apenas 25% do nitrogênio ingerido pela vaca vira proteína no leite, sendo o restante praticamente todo excretado no ambiente. Mas o mais interessante desse número é sua variação, de 15 a 35%. De modo geral, a EUN é maior quanto menor for o teor de PB da dieta, mas existe também grande variação em EUN dentro de mesmos níveis de PB, o que indica que é possível melhorar essa eficiência e assim reduzir a necessidade de inclusão de proteína na dieta.
A figura abaixo ilustra como a relação entre produção de leite e teor de PB na dieta é variável, o que indica que PB por si só não é um bom indicador para ser utilizado na formulação da dieta. Fatores que influenciam essa relação envolvem principalmente a disponibilidade de energia para utilização da proteína degradada no rúmen para síntese de proteína metabolizável e o perfil de aminoácidos da proteína não degradável no rúmen. Entretanto, as respostas também dependem do estágio de lactação e do nível de produção das vacas.
Figura 1. Relação entre produção de leite e PB da dieta com dados de 112 experimentos com consumo de matéria seca variando de 10 a 30 kg/dia. Adaptado de Ipharraguerre e Clark, 2005.
Muitas pesquisas vêm avaliando a redução de PB da dieta e seu impacto na produção de leite e de proteína do leite. Os resultados têm sido consistentes em mostrar que para vacas confinadas produzindo entre 35 e 45 kg/dia em meio da lactação, PB entre 16 e 16,5% é suficiente para maximizar produção de leite e proteína do leite. Alguns estudos mostram inclusive redução na produção de leite com níveis mais elevados de PB, uma vez que a excreção do excesso de nitrogênio do organismo do animal tem um custo energético que poderia ser destinado à produção de leite. Dados científicos para vacas em pastagens tropicais são mais escassos e devem ser analisados com mais atenção devido à maior variação no valor nutritivo e no consumo do pasto, de acordo o manejo do pastejo. Meu experimento de mestrado avaliou 3 teores de proteína bruta (8,7; 13,4 e 18,1%) no concentrado de vacas em pastejo de capim elefante com 18,5% PB. As vacas produziram em média 19 kg/dia e 625 g/dia de proteína bruta no leite e não houve diferença entre os tratamentos. Utilizando dados de consumo de pasto obtidos com marcador óxido de cromo, nós pudemos estimar que a dieta com teor de PB entre 15,3 e 15,7% PB foi suficiente para atender o requerimento dessas vacas. O concentrado dessa dieta continha apenas milho moído e minerais.
Além das pesquisas, fazendas comerciais têm obtido sucesso na redução de PB na dieta. A tabela abaixo foi apresentada em uma conferência em Iowa, EUA, no ano passado, e traz os dados de 14 fazendas dos estados de Wisconsin, Michigan, Pensilvânia e Nova York que estão utilizando dietas com teores de PB menores de 16%. A produção de leite da tabela está em libras (lbs), como é normalmente medida nos EUA. Para transformar para kilos, basta dividir o valor por 2,2. Por exemplo, 80 lbs = 36 kg, 90 lbs = 41 kg, 100 lbs = 45 kg, etc.
Tabela 1. Fazendas comerciais nos EUA utilizando baixo teor de PB na dieta para vacas leiteiras
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Fonte: Chase, 2011
Duas informações chamam atenção nessa tabela. A primeira é que 13 das 14 fazendas apresentam EUN maior do que 30%, mostrando que é possível reduzir o teor de PB da dieta sem perder em produção de leite e de proteína do leite, aumentando assim a EUN. O segundo aspecto que merece ser destacado é o teor de nitrogênio uréico no leite (NUL, em inglês milk urea nitrogen - MUN na tabela), que em 12 das 14 fazendas é igual ou menor que 10 mg/dL. Nitrogênio uréico no leite é um indicador de quanto nitrogênio está sendo excretado na urina, uma vez que existe alta correlação entre esses valores. O intervalo de NUL tradicionalmente recomendado como ideal é de 10 - 14, entretanto essas recomendações são baseadas em trabalhos realizados quando ainda não havia o refinamento para balanceamento protéico que se tem hoje, para o qual além de proteína bruta, utiliza-se proteína degradável no rúmen, proteína não degradável no rúmen, proteína metabolizável, metionina e lisina. Os trabalhos atuais e a própria tabela com dados das fazendas indicam que maior EUN pode ser atingida com valores de NUL entre 8 e 10 mg/dL. Como referência, vacas ingerindo a dieta com menor teor de PB (15,5%) no meu experimento de mestrado apresentaram NUL de 8 mg/dL. Quando proteína foi adicionada em dois níveis no concentrado, produção de leite e proteína do leite não aumentaram e NUL subiu para 10 e 13 mg/dL.
Apesar de resultados promissores, a redução de proteína bruta aos níveis até então considerados limites para maximizar eficiência sem perder em produção exige certo refinamento no manejo alimentar da propriedade. Com isso surgem desafios que nem sempre são fáceis de serem superados e resultam no famoso "fator de segurança", que faz com que, de modo geral, dietas sejam formuladas com teores de PB maiores do que o necessário, de forma a garantir o suficiente, levando em conta margens de erro em diversas etapas do processo. Esse refinamento do manejo alimentar diz respeito, entre outras coisas, à consistência na composição dos ingredientes, principalmente das forragens; à consistência nos processos de mistura e distribuição dos alimentos (sejam eles ração total ou concentrados); análises mais frequente dos alimentos e monitoramento mais frequente das respostas em composição do leite, principalmente teor de proteína do leite e NUL. Entretanto, muitas dessas medidas enfrentam limitações práticas como variações intrínsecas da coleta e análise de alimentos (que decorrem de diversos fatores) ou falta de padronização na mistura e distribuição dos alimentos, que depende de qualidade de mão de obra. A análise de NUL, que poderia ser utilizada como uma excelente ferramenta de monitoramento da nutrição protéica de um rebanho, ainda não é amplamente difundida e adotada com essa finalidade.
Outra questão para ser pensada é que se o conceito de nutrição de precisão continuar se desenvolvendo, isto é, se tentarmos buscar combinar da forma mais perfeita possível requerimento animal e suprimento dietético visando maximizar eficiência, será que as ferramentas atuais de formulação de dietas serão suficientes para tornar isso possível? Isto é, se chegarmos ao nível de refinamento de balancear aminoácidos naproteína metabolizável, será que os programas de formulação de ração atualmente disponíveis são capazes de predizer requerimentos e suprimentos de forma precisa? Caso isso seja possível, o quão representativos e precisos são os dados de composição de aminoácidos dos ingredientes, com que frequências são realizadas análises, quantas amostras geraram o banco de dados que estamos utilizando? Acho que vale a pena pensar um pouco nesses aspectos.
De qualquer forma, antes de chegarmos nesse nível de precisão, com certeza muita coisa pode ser feita com as ferramentas que temos hoje. Pesquisas e rebanhos comerciais têm mostrado o potencial de se reduzir o teor de PB na dieta e melhorar aEUN, reduzindo assim custo da alimentação e excreção de nitrogênio para o ambiente. Alguns valores podem ser utilizados como referência para avaliar se sua propriedade é uma boa candidata para redução de PB na dieta. Teor de PB maior que 16,5% e NULmaior que 12 mg/dL indicam boa oportunidade de redução da PB com potencial benefício para a produtividade do sistema. Entretanto, para esse ajuste fino na dieta, é essencial que haja um nutricionista acompanhando o rebanho, bem como é preciso manter em mente os ajustes de manejo alimentar necessários para garantir o sucesso dessa estratégia.
Pastagens integrada lavoura-pecuária aqui está nosso futuro.
No estado do Paraná, as propriedades que adotam o processo de integração lavoura-pecuária predomina a exploração da atividade leiteira, sendo o rebanho leiteiro paranaense de aproximadamente 3.120.000 cabeças, o que corresponde a 30% do rebanho bovino total do Estado.
Dentre as regiões do Estado do Paraná, o oeste é a região de maior produção do Estado. A produtividade média dessa região situa-se em 2.496 litros/vaca/ano. Sendo que entre os municípios do Estado os que mais se destacam em produção de leite são: Marechal Cândido Rondon, Castro, Carambeí, Toledo e Palmeira.
Nos municípios de Carambeí, Castro, Palmeira e Arapoti, pertencentes a micro-região de Ponta Grossa, encontram-se os melhores rebanhos leiteiros do país e a produtividade média situa-se em 3.500 litros/vaca/ano. O município de Castro é considerado "centro de referência" em bovinocultura de leite. Nesta região, é comum a existência de rebanhos, com produtividade superior a 8.000 litros/vaca/ano, equiparando-se aos maiores países produtores de leite. Nesta região, há predominância de rebanhos confinados.
No entanto em regiões como Sudoeste do Estado, predomina quase que em sua totalidade a produção de leite a pasto e, em pequenas propriedades. Tipicamente as propriedades leiteiras do Estado do Paraná são constituídas por pequenas áreas, sendo que aproximadamente 45% dos estabelecimentos do Estado apresentavam uma área inferior a 20 ha na década de 90 do Século passado, sendo que este valor provavelmente se manteve. Ressalta-se que estas propriedades normalmente são localizadas em área com topografia de acentuada declividade e devido a leis ambientais, boa parte das áreas deve ser mantida com cobertura florestal (Figura 1).
Figura 1 - Vista geral de uma pequena propriedade de produção leiteira
Muitas destas propriedades possuem solos degradados e nenhum aporte tecnológico, sendo que praticamente o único momento e espaço em que as forrageiras de uma propriedade familiar no Paraná, são cultivadas com aporte tecnológico, é no processo de integração lavoura-pecuária. E, ainda assim, o cultivo e a utilização de forrageiras de inverno são feitos tendo como base o aproveitamento do efeito residual do que foi aplicado na exploração de verão, durante o cultivo de grãos. Ressalta-se que muitas vezes, mesmo sendo a pecuária leiteira responsável pelo maior aporte econômico de uma pequena propriedade, o produtor rural raramente destina as áreas de agricultura para cultivo de forrageiras de verão, que teriam um maior potencial produtivo. Via de regra estas áreas, no verão, são destinadas ao cultivo de grãos, principalmente soja e milho, restando para os animais as áreas marginais de escape da propriedade.
Analisando a exploração pecuária apenas com o enfoque do plantio direto, a introdução de um animal em área de agricultura significa a introdução de um agente competidor por biomassa. A utilização das forrageiras das áreas de integração lavoura-pecuária, via o manejo dos animais, nas pequenas propriedades leiteiras se dá principalmente de três métodos de pastejo.
Entende-se por pastejo continuo em área de integração lavoura-pecuária, a presença contínua de animais, porém com lotação variável. O que determina a quantidade de animais que devem ficar na área é a quantidade de oferta de matéria seca, o que na prática para o produtor pode ser traduzido pela altura da forrageira.
Têm-se observado que uma das grandes dificuldades para adoção deste método de pastejo, é o manejo da carga animal variável. Além disso, por questões de segurança, caso a área de lavoura-pecuária, seja distante da sede, normalmente os produtores retiram os animais para passarem o período noturno na proximidade da sede da propriedade.
Outro método de pastejo constantemente utilizado nas propriedades leiteiras em áreas de integração lavoura-pecuária é o pastejo rotativo fixo, em que a área é dividida por meio de cerca elétrica em um número fixo de piquetes. Nestes piquetes, os animais entram quando se observa um volume de forragem suficiente e são retirados, quando quantidade de forragem atinge um limite inferior geralmente estabelecido pela altura para cada espécie. Na sequência, passam-se os animais para o piquete seguinte, ainda não pastejado (Figura 2).
Figura 2 - Divisão de área de integração lavoura-pecuária em dois piquetes fixos em pastagem de aveia plantada na sequência de cultivo de soja.
Contudo como as áreas de integração lavoura-pecuária não são grandes em extensão, normalmente a divisão de piquetes é feita em um número reduzido, e como a exemplo da Figura 2, são muitas as propriedades que fazem a divisão em apenas dois piquetes.
O pastejo rotacionado utiliza uma alta carga e lotação animal instantâneo, sobre o piquete durante algumas horas, um dia ou no máximo três dias. Isto pode proporcionar resultados negativos sobre a física do solo, em condições de chuva.
Já o pastejo contínuo em faixas é um sistema de manejo que utiliza cercas móveis. Esta é deslocada de acordo com o tempo que se queira disponibilizar o pasto aos animais. Este tempo pode ser de algumas horas, um, dois ou três dias. Assim como no rotativo fixo, permite controlar o momento da entrada e da saída, baseado na oferta de massa. O consumo da forragem nestas faixas é controlado pelo produtor e pode apresentar alta carga instantânea.
Em todos os métodos de pastejo descritos acima, o grande problema das propriedades é a dificuldade de levar água a área destinada ao processo de integração lavoura-pecuária o que faz com que a grande maioria dos produtores em um dado momento do dia, desloque os animais para uma região em que os mesmos tenham acesso a água. Na Figura 3 observa-se uma fonte de água e área destinada para este tempo de descanso dos animais. Neste caso os processos de ciclagem de nutrientes, feito por meio da deposição de fezes e urina, são prejudicados, uma vez que os animais fazem a coleta de forrageiras com elevada qualidade nutricional e muitas vezes a deposição dos dejetos animais é feita em piquetes que apresentam vegetação de baixa qualidade, ou até mesmo em área sem nenhuma cobertura vegetal.

Figura 3 - Área de acesso á água para os animais
Em todos os sistemas de pastejo adotado, o que tem se observado é que devido ao vazio forrageiro de outono, e o decréscimo de produção das pastagens perenes de verão durante o período mais frio do ano, a pastagem das áreas de integração lavoura-pecuária se constitui quase que a única reserva de forrageiras da propriedade neste período, fazendo com que ocorra muitas vezes um excesso de lotação de animais, e a entrada dos animais quando a pastagem ainda não tem condições de oferta de forragem suficiente para se manter produtiva ao longo do período de pastoreio.
Estudos concluíram que quantidade mínima de matéria seca residual para implantação de culturas de verão em sistema de plantio direto conduzidos em área de integração lavoura-pecuária seria respectivamente de 2.000 kg/ha e de 3.000 kg/ha de MS. Mesmo com esta possibilidade de redução da quantidade de MS residual que deva ser deixada para a implantação da cultura de verão em sistema de plantio direto, ainda existe a preocupação com a composição do rebanho leiteiro das pequenas propriedades. Caso a propriedade tenha uma produção de alimentos adequada ao número de animais do rebanho, porém, tem um plantel leiteiro, com um grande número de animais que não estejam produzindo devido a excesso de novilhas, um elevado número de vacas secas, terá consequentemente uma baixa produção, e seus custos elevados, isto, sem considerarmos o número excessivo de machos, acima da necessidade do consumo da família.
Mesmo com a adequação do rebanho, ainda resta a preocupação da sustentabilidade da alimentação do plantel e a manutenção das condições de fertilidade do solo. Também é preocupante a forma que a grande maioria dos produtores faz a implantação das culturas forrageiras de inverno, sendo que devido ao custo de uma semeadora de cereais, o plantio das pastagens de inverno tem sido feito à lanço e a forma de incorporação destas sementes ao solo é feita via uma operação de gradagem (Figura 4).
Figura 4 - Operação de gradagem sobre resíduos de milho para plantio da cultura de aveia.
Algumas das consequências da gradagem são possíveis de se visualizar já no período de cultivo de inverno, especialmente se houverem chuvas de grande intensidade logo após esta operação mecânica, o que faz com que a perda de solo e muitas vezes das sementes seja pronunciada. No entanto, o efeito desta operação muitas vezes prolonga-se durante o cultivo de grãos no período de verão (Figura 5).
Figura 5 - Processo erosivo em área de integração lavoura-pecuária no cultivada com a cultura de soja no período de verão em sequência a área cultivada com aveia pastejada e implantada com gradagem.
Considerações Finais
Desta forma conclui-se que embora o sistema de integração lavoura/pecuária seja uma excelente opção para sustentabilidade das pequenas e médias propriedades do Estado do Paraná, ainda é necessária a compreensão e alteração de determinadas práticas de manejo de solos, forrageiras e animais que veem sendo utilizadas atualmente pelos produtores.
Este tema está muito atual e estará ainda mais em evidência no futuro, especialmente se agregarmos ao sistema de integração Lavoura/pecuária, mais um favor, a floresta, pois é comprovado que algumas forrageiras produzem até 20% a mais de proteína quando sobre sombreamento parcial, fator esse que muito contribuiria para o perfil nutricional do rebanho. Esta integração tripla ainda contribuiria muito para o conforto térmico de vacas leiteiras.
Custos com recursos humanos para manejo, com construções de instalações e principalmente com a alimentação fazem da categoria novilha uma grande consumidora de dinheiro em uma granja leiteira. Estes custos são alto pois o manejo a ser dado às novilhas deverá ser o suficiente para se produzir a melhor vaca possível, do ponto de vista produtivo e reprodutivo. Para atingir esse objetivo, alguns pontos importantes do ponto de vista nutricional deverão ser observados, alguns dos quais discutiremos a seguir.
Embora o sistema de criação interfira no desenvolvimento da novilha, são os fatores dietéticos que causam grande impacto no desempenho ponderal as mesmas. O tipo de alimento que é fornecido às novilhas afeta diretamente a eficiência com que estes são utilizados para o crescimento e desenvolvimento das estruturas orgânicas, dentre elas a glândula mamária.
Dietas com alto concentrado
A alimentação balanceada é facilitada quando a dieta é fornecida no cocho, onde o fornecimento de ração total facilita o suprimento preciso de nutrientes. Pesquisas recentes recomendam o seguinte:
Balanceamento proteico
- Fornecer entre 14 a 15% de proteína bruta na dieta de novilhas antes da puberdade, fornecendo alimentos a 2,15% do Peso vivo (CMS=consumo de matéria seca)
- Reduzir para 13 a 14% de proteína bruta depois da puberdade das novilhas, reduzindo o CMS para 1,65% do Peso vivo.
- Manter pelo menos 30 a 35% de proteína solúvel nas rações o tempo todo.
- Não exceder a proteína não degradável no rúmen em 25 a 30%.
Os animais nesta fase requerem quantidades muito especificas de nutrientes diariamente, em especial a proteína. Logo, a manutenção de uma rotina alimentar bem definida é uma das chaves do sucesso para uma boa criação de novilhas.
Balanceamento energético
As exigências por energia depende principalmente do tamanho das novilhas, da taxa de crescimento e das condições ambientais onde elas são criadas. Existem duas estratégias para suprir as necessidades de energia das novilhas. Primeiro, as dietas podem ser formuladas com densidade energética variável e fornecidas livremente, para que as novilhas selecionem o consumo de energia. Na segunda estratégia, as dietas podem ser formuladas para conter uma quantidade fixa de energia, geralmente alta. Independentemente da estratégia de alimentação, a concentração de energia deverá permitir ganho de peso variando entre 800 a 900 gramas por dia de peso vivo, ou ainda, fornecer 130 kcal de energia metabolizável para cada meio quilo de peso vivo metabólico (peso vivo vezes 0,75). A segunda estratégia de alimentação é recomendada, pois facilita o fornecimento preciso dos demais componentes da dieta.
Teores de Fibra na dieta
Mesmo para os programas mais avançados em nutrição de bovinos, como o NRC, os teores de fibras para novilhas leiteiras ainda não foram exatamente explicadas pelos experimentos científicos. Historicamente o nível de fibra depende principalmente da qualidade do alimento, e consequentemente interfere na densidade energética da dieta.
Os requerimentos por FDN (fibra em Detergente Neutro) para novilhas em crescimento ainda não estão completamente estabelecidos, principalmente no que se refere ao limite mínimo. Portanto, prudência é requerida, não fornecendo dieta com FDN menor que 19%, visando evitar problemas de laminite, dentre outros. Entretanto, recomendações abaixo de 19% de FDN não são recomendados devido aos poucos experimentos realizados, o que é importante, pois o teor de FDN da dieta é um dos fatores que controla o consumo de alimento.
Principais recomendações
1. Pese as novilhas frequentemente
O monitoramento do peso dos animais é a forma mais barata e muito eficiente de verificar se o manejo alimentar está adequado, principalmente depois que as novilhas estão prenhas. A pesagem uma vez por mês é suficiente para as checagens necessárias.
2. Separe as novilhas por grupo em função do tamanho
Facilita o manejo alimentar, uma vez que um dos fundamentos básicos da nutrição é o oferecimento de alimento em função do Peso Vivo. Se possivel, permitir uma variação máxima de 90kg dentro do lote.
Considerações finais
Cada propriedade e grupo de animais possuem particularidades, que se não atendidas poderão depreciar a futura vaca. Procure um profissional que possa avaliar cuidadosamente o manejo adotado, o padrão dos animais, a infraestrutura da fazenda e assim, definir o melhor manejo alimentar a ser adotado para as novilhas de reposição.
Vantagens econômicas dos ruminantes.
A principal vantagem nutricional e econômica dos ruminantes é beneficiar-se dos produtos da digestão bacteriana da fibra e da própria massa de bactérias que cresce extraindo energia de fibra. Animais não possuem as enzimas necessárias para digerir celulose e hemicelulose, os carboidratos componentes da fibra e os mais abundantes na natureza. Essa tarefa é realizada pelas bactérias do rúmen, que vivem em simbiose com o ruminante.
Na alimentação de gado de leite a fibra tem importância energética e fisiológica. O teor de FDN de alimentos e dietas é inversamente relacionado à densidade energética do material. Isso significa que quanto maior o teor de FDN menor será o conteúdo de energia e vice-versa. Apesar disso, os carboidratos que compõem a FDN frequentemente representam de 25 a 35% da matéria seca (MS) de dietas de vacas leiteiras confinadas, fazendo da fibra uma fonte importante de energia para vacas em lactação. Além disso, a fibra é responsável pela manutenção das funções de mastigação, ruminação e motilidade do rúmen.
A motilidade ruminal é uma função vital, ou seja, essencial não só para a digestão, mas para a sobrevivência do ruminante. Portanto, uma certa quantidade de fibra é indispensável em dietas de vacas leiteiras para garantir a função ruminal adequada, a fermentação do alimento e o crescimento microbiano. A quantidade e as características físicas da fibra na dieta têm efeito sobre o pH ruminal, e consequentemente sobre a saúde do animal e sobre o consumo de alimentos. Animais consumindo dietas ricas em concentrados rapidamente fermentáveis e com baixo teor de FDN estão expostos ao risco de acidose ruminal clínica ou subclínica, que prejudicam o desempenho e a longevidade do animal.
A fibra dietética é responsável pela formação do MAT ruminal e estratificação da digesta dentro o rúmen. O MAT é um “colchão” situado abaixo da fase gasosa da digesta ruminal e formado por um emaranhado de partículas flutuantes de alimento, longas e recém ingeridas, em processo de digestão bacteriana. O MAT tem duas funções principais na fisiologia ruminal: controle do pH ruminal por estímulo físico à motilidade, ruminação e salivação; e retenção do alimento recém ingerido para que permaneça no rúmen por tempo suficiente para colonização bacteriana e digestão. A formação do MAT no rúmen depende do tamanho e da gravidade específica (capacidade de boiar) das partículas fibrosas. Assim, a quantidade e características da FDN da dieta de vacas leiteiras afeta diretamente a saúde ruminal e eficiência da digestão.
No entanto, nem toda FDN é igual. Forragens, subprodutos da agroindústria e concentrados têm FDN em sua composição, mas dependendo da origem, as características de fermentação da fibra no rúmen variam. A fibra oriunda de concentrados é finamente moída, o que aumenta sua velocidade de fermentação no rúmen e de passagem para o abomaso e intestinos. A FDN de subprodutos ricos em pectina, como a polpa cítrica é rapidamente degradada no rúmen, em velocidade inclusive superior a do amido. No entanto, a pectina não é substrato para formação de ácido lático no rúmen, como o amido.
A adequação de fibra na dieta é uma tarefa complexa, devido às limitações na determinação das exigências do animal por esse componente. O NRC (2001) propôs recomendações para o balanço entre carboidratos fibrosos (FDN) e não fibrosos, especificando também a exigência mínima por FDN proveniente de forragem como uma medida de efetividade física de fibra. No entanto, essas recomendações são limitadas, pois a fibra proveniente de forragem nem sempre garante efetividade suficiente para promover mastigação e ruminação. Quando a forragem está picada muito finamente, isso pode não acontecer. Essa capacidade da fibra em promover mastigação e motilidade ruminal é chamada de efetividade física, ou FDN fisicamente efetivo (FDNfe).
Portanto, é importante compreender que o fato da FDN de uma dieta vir de forragem não garante sua efetividade física. A fibra longa é o que é essencial para garantir mastigação, salivação e saúde ruminal. No entanto, muita fibra longa afeta negativamente o consumo, pois é digerida mais lentamente, causando enchimento ruminal. Dessa forma, fica claro que uma medida mais adequada de exigência de fibra fisicamente efetiva deve incluir a distribuição do tamanho de partículas.
A combinação de valores de FDN de uma dieta e tamanho de partícula desse FDN para estimar FDNfe é possível utilizando-se o conjunto de peneiras separadoras da PennState. O método consiste em estratificar o tamanho de partículas da amostra da dieta seguindo recomendação das peneiras e analisar o teor de FDN na subamostra retida em cada peneira. A FDN contida acima da peneira de 8 mm é considerada efetivo.
Uma meta-análise recente determinou recomendações para o teor de FDN (% MS) retido nas peneiras acima de 8 mm (Zebelli et al., 2012), levando em consideração não somente manutenção do pH ruminal, como também consumo de MS. Segundo esta análise, a manutenção do pH ruminal começa a ser prejudicada quando o teor de FDN acima de 8 mm passa a ser menor do que 18% MS. Por outro lado, valores acima de 14% MS já começam a afetar negativamente o consumo de MS, como mostra a figura abaixo.
Figura 1. Efeitos do teor de FDN fisicamente efetivo no pH ruminal e consumo de matéria seca.

Dessa forma, a recomendação resultante dessa meta-análise é que o teor de FDN maior que 8 mm esteja entre 14 e 18% MS, conforme demonstrado na figura 5. O ajuste preciso dentro dessa faixa fica dependente de outras características da dieta relacionadas ao risco de acidose ruminal, principalmente o teor de carboidratos rapidamente fermentecíveis no rúmen. Dietas com alto teor de amido e açúcares prontamente fermentáveis devem exigir mais pefFDN para garantir a saúde ruminal do que dietas compostas por ingredientes de lenta degradação. Não há consenso também quanto a influência que a digestibilidade da FDN pode exercer sobre a efetividade física da fibra. Há pesquisas mostrando aumento do pH e tempo de mastigação com fibra de melhor digestibilidade e outras mostrando diminuição desses parâmetros ou nenhum efeito.
Outro ponto importante relacionado às recomendações de Zebelli et al. é que essa análise foi feita principalmente com estudos europeus, que utilizam dietas bem diferentes do que nós utilizamos no Brasil. Enquanto nossas dietas para vacas em lactação são baseadas principalmente em silagem de milho finamente picada, as dietas utilizadas na análise mencionada apresentam alta inclusão de silagens de leguminosas e capins. Com isso, é de se esperar que, por mais que o conceito do tamanho de partículas do FDN seja universal, os valores absolutos da faixa ideal serão diferentes para nossa realidade. Dessa forma, é essencial que estudos nacionais e regionais sejam conduzidos para a determinação dos valores adequados em dietas que representem a realidade de cada região.
Não é simples traçar uma recomendação geral para exigência de fibra longa para vacas leiteiras. Esse aspecto é especialmente desafiador em vacas de alta produção em início de lactação, pois esses animais necessitam de dietas densas em energia, mas sem risco de acidose que pode levar a comprometimento da saúde e produção. A fibra é uma necessidade do ruminante e o balanceamento de fibra para vacas leiteiras exige conhecimento e avaliação rotineira dos resultados do rebanho
Estresse leiteiro
estresse em gado leiteiro é um dos fatores que servem para prejudicar a produção de leite. Infelizmente, ocasiões que acarretam estresse nos bovinos são comuns e exercem uma série de resultados negativos para a produtividade, bem como para o conforto e a saúde desses animais.
O período de verão é um dos momentos propícios para surgirem os sintomas do estresse, visto que as temperaturas elevadas acarretam desconforto no gado leiteiro.
Além disso, o manejo das vacas, mais basicamente a maneira como esses animais são conduzidos, ou seja, tocados, no decorrer das fases da produção leiteira, é também uma das mais significativas causas de ocasiões que provocam o estresse.

OS Sintomas do estresse
Resumidamente falando, os físicos do gado que reagem ao estresse são basicamente o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal e o sistema nervoso simpático. Dessa maneira o gado leiteiro reage ao estresse agudo demonstrando alterações de comportamento. Entre as tais mudanças, é possível verificar um excesso de salivação, cansaço frequente, o ato de berrar constantemente, assim como defecar e urinar.
Quando os bovinos são submetidos ocasiões desencadeadoras de um estresse mais prolongado (que é o estresse crônico), a reação corresponde a um maior desperdício de energia e traz sérias consequências para algumas ações fisiológicas comuns do animal, tais como o crescimento adequado, a reprodução e saudável e a imunidade do organismo. De uma forma geral, o estresse prolongado afeta o sistema imunológico desses animais, os tornando mais suscetíveis a inúmeras enfermidades.
cuidados com vacas de alta lactação.
Em rebanhos leiteiros de alta produção as concentrações de amido nas dietas variam de 25 a 30% da matéria seca (MS) (Kaiser e Shaver, 2006). No Brasil, o amido utilizado na alimentação de vacas leiteiras é basicamente oriundo de silagem de milho e milho grão. De acordo com Fredin et al. (2014) o interesse em aumentar a eficiência da utilização do amido, ou seja, em melhorar a digestibilidade do mesmo em vacas leiteiras têm sido estimulada pela utilização desse nutriente em outros setores do agronegócio, como avicultura, suinocultura, bovinocultura de corte, na indústria alimentícia para humanos, e por último na produção de etanol.
A digestibilidade do amido no trato digestivo total (DamidoTT) como % do ingerido é calculada em experimentos como [ingestão de amido (kg/dia) – amido fecal (kg/dia) / ingestão de amido (kg/dia)], incluindo o que ocorre no rúmen e no intestino. Maior digestão do amido no rúmen resulta em maior produção de ácidos graxos voláteis (AGV’s) que podem representar até 70% da ingestão diária de energia pelo animal (Bergman, 1990).
Os principais AGV’s formados no rúmen são acetato, propionato e butirato, sendo que o propionato é o principal precursor de glicose em ruminantes. Em torno de 80% do propionato absorvido no rúmen pode ser convertido em glicose no fígado (Brockman, 1990), sendo esta utilizada pela glândula mamária para produção de energia e síntese de lactose - que direciona a produção de leite.
O aumento na digestibilidade ruminal do amido pode resultar em maior aporte de proteína metabolizável (aminoácidos que chegam no sangue) devido o maior crescimento microbiano, aumentando o teor de proteína no leite (Ferraretto et al., 2013). Em uma revisão, Firkins et al. (2001) observaram que houve aumento no fluxo de proteína microbiana para o intestino delgado (duodeno) quando milho laminado foi substituído por milho floculado e sorgo moído foi substituído por sorgo floculado.
A DamidoTT em vacas leiteiras varia de 80 a 100% (Firkins et al., 2001; Ferraretto et al., 2013), e pode ser afetada negativamente por vitreosidade (Ngonyamo-Majee et al., 2008), maturidade (Ferraretto et al., 2014) e positivamente por processamento de grãos e ensilagem (Ferraretto et al., 2013)
O amido com maior digestibilidade ruminal tem maior digestibilidade intestinal quando avaliada como % do fluxo para o duodeno, no entanto, apresenta menor digestibilidade intestinal como % da ingestão de amido devido a menor quantidade de nutrientes, deixando o rúmen e chegando no intestino (Ferraretto et al., 2013). A digestibilidade ruminal do amido é afetada da mesma maneira que DamidoTT e estas variáveis estão correlacionadas (Figura 2) (Ferraretto et al., 2013), mas ocorre uma compensação intestinal do que não foi digerido no rúmen (% do amido ingerido), podendo reduzir a sensibilidade da DamidoTT (amido fecal) em predizer amido digestível no rúmen. Logo, um pequeno aumento no amido fecal pode indicar uma redução significativa na disponibilidade de amido digestível no rúmen, reduzindo o crescimento microbiano e afetando negativamente o aporte de proteína metabolizável e energia para o animal.
Portanto, a análise de amido fecal determinada em laboratório pode ser interessante para avaliar DamidoTT em fazendas, assim como avaliar disponibilidade de amido digestível no rúmen e direcionar ajustes na dieta. As fezes podem ser coletadas por amostragem: é sugerido coletar de 20% das vacas do lote, em seguida faz-se uma amostra composta das fezes - que é congelada e enviada para o laboratório (aproximadamente 300 gramas)
Estimar a quantidade de amido digestível no rúmen pode ter grande impacto na formulação de dietas. Se assumirmos que o amido apresenta duas frações (A e B), considera-se que a quantidade de amido que digere no rúmen é dependente da fração A e da taxa de degradação da fração B. A fração A é considerada prontamente disponível e será completamente degradada no rúmen. A redução do tamanho de partículas do grão de milho com endosperma duro ou farináceo (Rémond et al., 2004), menor maturidade e híbridos mais farináceos apresentam maior fração A (Ngonyamo-Majee et al., 2008).
A fração B apresenta uma taxa de degradação (kd) que pode ser determinada a partir da incubação do alimento por pelo menos dois tempos diferentes. A quantidade da fração B do amido que digere no rúmen pode ser estimada pela equação: kd / (kd + kp), onde kp corresponde a taxa de passagem da fração B. Quanto maior for a fração A e a taxa de degradação da fração B, maior será a digestibilidade do amido no rúmen e no trato digestivo total. A equação utilizada para calcular o amido digestível no rúmen é = A + B x [kd / (kd + kp)].
Recentemente o grupo de pesquisa do professor Marcos Neves Pereira da Universidade Federal de Lavras, compilou dados de 10 experimentos, e foi observado que a correlação entre DamidoTT e produção de leite (kg/dia) é negativa (r = -0,23). Provavelmente isto ocorreu porque vacas de alta produção (33,6 kg/leite/dia) têm maior consumo e maior taxa de passagem do amido ou porque a menor DamidoTT induziu menos acidose levando a um maior consumo e maior produção de leite. A correlação positiva ocorreu entre consumo de amido digestível (kg/dia) e produção de leite (kg/dia) (Figura 6) e consumo de amido digestível (kg/dia) e produção de proteína no leite (kg/dia).
Com base nas regressões geradas com esses dados (420 vacas), para cada 1,0 kg de consumo de amido digestível a mais espera-se um aumento de 2,60 kg de leite e 0,095 kg de proteína no leite. Considerando um lote de vacas recebendo uma dieta com teor de amido de 30% e o consumo por animal de 20 kg de MS/dia, teremos um consumo de 6,0 kg de amido por vaca/dia, e o valor da DamidoTT obtido da análise de fezes. Em situações de rebanho calcularia da seguinte forma:
Consumo de amido do lote (6,0 kg/vaca/dia) x DamidoTT do lote (95,10%) = 5,70 kg/dia de consumo de amido digestível.
O amido fecal serve para estimar a DamidoTT, mas o número sozinho tem valor apenas para avaliar mudanças no manejo alimentar (mudanças de silos, partidas de milho, aditivos, etc). Portanto, é interessante observar além do amido fecal outras variáveis como consumo de amido digestível, isso porque algumas dietas e aditivos aumentam o consumo de amido digestível, sem alterar a DamidoTT (Nozière et al., 2014).
Em resumo, observa-se que a utilização da equação Amido digestível = A + B x [kd / (kd + kp)] poderia estimar melhor a quantidade de amido digestível no rúmen do que a análise de amido fecal, devido a compensação da digestão ruminal pela digestão intestinal. Entretanto, atualmente apenas a análise de amido fecal está comercialmente disponível. Como em muitas fazendas algumas estratégias para aumentar a digestibilidade do amido já são adotadas, a análise de amido fecal pode ser útil na formulação de dietas representando o amido digestível no rúmen.
Viabilidade econômica do Creep-feeding
A fase de cria do bezerro, que gira em torno de 210 dias, pode influir de maneira circunstancial no bom desenvolvimento pós-desmama do mesmo. Nesta fase, alguns fatores, como a boa alimentação da mãe e, consequentemente, a boa produção de leite, exercem papel importante no bom desenvolvimento dos bezerros. O uso de creep-feeding para suplementação dos bezerros é uma estratégia que auxilia de maneira efetiva o crescimento e desenvolvimento progressivo do animal. Em outros radares já foram discutidos os benefícios do uso estratégico de creep-feeding para suplementação de bezerros, como maior peso a desmama, diminuição na idade ao abate, e melhoria na eficiência reprodutiva das vacas.
No entanto, devemos considerar os custos envolvidos no ganho de peso corporal adicional, que envolvem as instalações (cochos cobertos, cerca, etc.) e a alimentação, que deve ser constituída preferencialmente de alimentos mais nobres (farelo de soja, milho, farelo de trigo, etc). As instalações podem ser feitas de maneira simples, visando baratear os custos, e o concentrado pode ter seu consumo limitado, já que deve ser apenas um complemento da qualidade da pastagem.
Neste contexto, Sampaio et al. (2002) realizaram trabalho na Embrapa-São Carlos onde o objetivo principal foi avaliar o desempenho de bezerros de corte lactentes suplementados ou não em creep-feeding. Foram usados dois níveis de cloreto de sódio com o objetivo de limitar o consumo de concentrado. Os autores avaliaram também a viabilidade econômica das estratégias de suplementação.O trabalho foi realizado durante o período das águas, e as vacas e os bezerros permaneceram em pastagens de Brachiaria brizantha, em sistema rotacionado de pastejo. Foram usados no total 32 bezerros da raça Canchim, divididos em três lotes: controle, concentrado com 5% de cloreto de sódio (71% de milho moído, 15% f. soja, 9% f. algodão, 5% sal) e concentrado com 10 % de cloreto de sódio (67% de milho moído, 20% f. soja, 3% f. algodão, 10% sal). Aos 120 dias de idade iniciou-se a suplementação dos bezerros, que apresentavam peso médio aproximado de 135 kg. Antes do início do trabalho os animais passaram por um período de adaptação à ração e ao creep por dez dias, onde recebiam cerca de 50g/animal/dia de fubá. O período experimental foi de 90 dias.
Os consumos médios dos suplementos foram de 0,72 e de 0,47 kg/animal/dia (0,43 e 0,26% do peso vivo), para os concentrados com 5 e 10% de sal, respectivamente. O consumo de concentrado aumentou com ao aumento do peso (idade) dos animais, sendo que o efeito do sal como limitador de consumo ficou evidente após os primeiros 30 dias do período de suplementação (tabela 1). O aumento do consumo pode ter sido devido principalmente pelo aumento de peso dos bezerros, além da provável diminuição da produção de leite das vacas (fase descendente da curva de lactação). Segundo os autores, a relação média entre os consumos dos suplementos com 5% e 10% manteve-se na ordem de 1,5:1, após os primeiros 30 dias.Tabela 1: Consumo médio do suplementoNa tabela 2, observa-se que os animais que receberam a suplementação em creep-feeding apresentaram maior ganho total e diário em relação aos animais do grupo controle. A pouca diferença no peso final entre os animais dos tratamentos controle e com 5 % de sal no concentrado foi devido, provavelmente, às diferenças no peso inicial, sendo que os animais controle estavam mais pesados ao início do trabalho.
Tabela 2: Desempenho de bezerros suplementados em creep-feeding com dois níveis de sal na raçãoO ganho médio diário dos animais do tratamento com 5% de sal foi semelhante estatisticamente ao do tratamento controle, que, por sua vez, foi inferior ao tratamento com 10% de sal. Teoricamente esperara-se maior desempenho dos animais do tratamento com 5% de sal, devido ao maior consumo da ração e à maior energia disponível da mesma, porém, com base nos resultados
observados e na discussão dos autores, o ganho não foi maior, provavelmente em função da substituição do leite materno e da forragem pelo concentrado. Devemos ressaltar que nesta fase, lactente, o alimento mais adequado para suprir a maior parte das exigências do bezerro é o leite materno. A inclusão do concentrado deve ser feita como complemento da pastagem para que as exigências energéticas do animal sejam supridas para que o seu potencial genético seja explorado, ou melhor, que a capacidade de crescimento do animal seja explorada ao máximo.
A avaliação dos autores da viabilidade econômica do creep-feeding com os dois níveis de ingestão de alimento é apresentada na Tabela 3. A análise foi feita com base no diferencial necessário no desempenho (Kg/animal ou %PV) dos bezerros tratados em creep em relação aos animais controle, para uma determinada rentabilidade pretendida:
a) rentabilidade zero: o ganho adicional só serviria para cobrir o custo da ração;b) 0,6% de rentabilidade: equivalente a caderneta de poupança;c) 1,2% de rentabilidade: obtido em fundos de renda fixa;d) 6% de rentabilidade: remuneração média de um confinamento em anos propícios à atividade, segundo os autores.
Tabela 3: Viabilidade econômica da suplementação em creep-feeding1Dados utilizados pelos autores: milho R$8,5/saca, f.soja 45% R$380,00; f.algodão 38% R$ 330,00; @ bezerro R$ 40,00, e rendimento de carcaça 52%. 2Diferença no ganho de peso em relação ao controle para que se tenha a rentabilidade desejada.
Com base nos resultados acima, os autores relatam que a suplementação com creep-feeding com o consumo de concentrado limitado com de 10% de sal, foi economicamente o de maior viabilidade. O tratamento com maior consumo de suplemento necessitaria obter ganho adicional de no mínimo três quilos a mais do observado, para retorno da suplementação igual a zero.
Os autores concluem que o suplemento com 10% de sal, por limitar o consumo e propiciar maior ganho de peso, foi a alternativa de maior retorno produtivo e econômico como estratégia de suplementação de bezerros em creep-feeding. Os autores ainda lembram que o bom desempenho de bezerros em creep-feeding é também resultado da interação de uma série de outros fatores. Como exemplo, citam que bezerros filhos de vacas boas produtoras de leite e em pastagens em boas condições, portanto bezerros bem nutridos, raramente apresentam acréscimos nos ganhos, pois já estão com ganhos próximos ao seu potencial genético de crescimento.
Na tabela 2, observa-se que os animais que receberam a suplementação em creep-feeding apresentaram maior ganho total e diário em relação aos animais do grupo controle. A pouca diferença no peso final entre os animais dos tratamentos controle e com 5 % de sal no concentrado foi devido, provavelmente, às diferenças no peso inicial, sendo que os animais controle estavam mais pesados ao início do trabalho.
O ganho médio diário dos animais do tratamento com 5% de sal foi semelhante estatisticamente ao do tratamento controle, que, por sua vez, foi inferior ao tratamento com 10% de sal. Teoricamente esperara-se maior desempenho dos animais do tratamento com 5% de sal, devido ao maior consumo da ração e à maior energia disponível da mesma, porém, com base nos resultados
observados e na discussão dos autores, o ganho não foi maior, provavelmente em função da substituição do leite materno e da forragem pelo concentrado. Devemos ressaltar que nesta fase, lactente, o alimento mais adequado para suprir a maior parte das exigências do bezerro é o leite materno. A inclusão do concentrado deve ser feita como complemento da pastagem para que as exigências energéticas do animal sejam supridas para que o seu potencial genético seja explorado, ou melhor, que a capacidade de crescimento do animal seja explorada ao máximo.
1Dados utilizados pelos autores: milho R$8,5/saca, f.soja 45% R$380,00; f.algodão 38% R$ 330,00; @ bezerro R$ 40,00, e rendimento de carcaça 52%.
Os autores concluem que o suplemento com 10% de sal, por limitar o consumo e propiciar maior ganho de peso, foi a alternativa de maior retorno produtivo e econômico como estratégia de suplementação de bezerros em creep-feeding. Os autores ainda lembram que o bom desempenho de bezerros em creep-feeding é também resultado da interação de uma série de outros fatores. Como exemplo, citam que bezerros filhos de vacas boas produtoras de leite e em pastagens em boas condições, portanto bezerros bem nutridos, raramente apresentam acréscimos nos ganhos, pois já estão com ganhos próximos ao seu potencial genético de crescimento.
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